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Casinhas de correio - a diversidade de um produto em série



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Em tempos que já lá vão, mesmo que não há muito, uma caixa de correio tinha a capacidade de nos fazer felizes, sempre que dela recolhíamos a carta de um amigo querido, de um familiar amado, de um amor distante. 

 

Hoje, no tempo das mensagens electrónicas, ela é o símbolo do nada, sempre cheia de vazio. Somos incapazes de lhe tirar, das entranhas, um único envelope de quem nos conheça e estime, e, para que dela não se recolha quilos de papel publicitário, somos obrigados a colar um dístico “Publicidade não endereçada aqui, não obrigado". 

  

Destacam-se, particularmente entre esses recipientes -as casinhas caixas de correio- uma espécie de lar, à porta de um outro lar, para acolher correspondência. Elas são, certamente, uma boa herança desses tempos em que uma caixa do correio nos podia deixar felizes. 


Ocupam invariavelmente um lugar de destaque, no acesso à residência do seu proprietário, mas não são só recipientes resistentes com uma ranhura para recepção do correio postal, são o retrato a três dimensões de mini-moradias, com as suas fachadas, teto, janelas, portas, socos e beirais. 


Encontrei-as distribuídas de norte a sul do pais, quer no espaço citadino, quer no meio rural, evidentemente com bolsas de maior concentração, aqui e acolá.


Afiguraram-se-me, durante muito tempo, uma opção afetada, inestética e rebuscada de proprietários que se queriam afirmar orgulhosos donos e, de um modo um tanto ou quanto afetado e ingénuo, faziam da suas caixas de correio a projeção da suas moradas.


Com tantas e tantas esbarrei, por esses caminhos e ruas, que me nasceu um fascínio inesperado por elas. A partir da indiferença e do desinteresse evolui para um colecionismo de fotos e terminei concluindo que, tudo é uma questão do gosto e da imaginação dos adquirentes, para irromperem numa paleta alargada de representações resultante exclusivamente do uso das cores.


Elas são a demonstração de que a uniformidade também pode ser personalizada, com carinho e a baixo custo, e resultar numa vasta diversidade produtos surpreendentes.



*Sobre os padrões dos moldes*

São adquiridas em vários tamanhos, do S ao XL, e são produzidas em moldes preenchidos com betão, que apresentam cerca de meia dúzia de desenhos diferenciados.



Telhados em abóbada de berço com cobertura de telha tradicional

Telhados de quatro águas com ou sem beirais


*Sobre regionalismos e localismos*

Um palheiro caixa de correio e os atuais palheiros residências

Por vezes aprecem configuradas como a assumpção de construções  marcadamente locais ou regionais.

 

É o caso deste exemplo que corresponde à matriz dos palheiros da Costa Nova, aparecidos no início do século XIX, como armazéns de recolha das alfaias da pesca, construídos nas praias, em madeira pintada às riscas vermelhas e pretas. 


Na segunda metade desse século, a “moda burguesa” de “ir a banhos” transformou os palheiros em habitações que eram ocupadas na estação balnear. A nova função fez-lhes ganhar, várias divisões, através de tabiques, e trouxe-lhes cores até aí não usadas, como a  branca, a verde, a azul e a vermelha. 





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