Belver está numa zona charneira entre três regiões que, geográfica e culturalmente falando, são muito distintas entre si: o Alto Alentejo, ao qual administrativamente pertence; a Beira Baixa, onde está implantada e o Ribatejo, ao qual já pertenceu.
Belver já foi a antiga sede de um concelho com grandes pergaminhos, mas hoje é apenas o epicentro de uma das freguesia do concelho de Gavião, no distrito de Portalegre. A freguesia de Belver tem a curiosidade de ser a única freguesia do Alentejo que se situa a norte do Tejo.
O Tejo, aqui, já deixou de ser um rio de planície, corre agora contido entre margens próximas, formadas de escalavrados despenhadeiros de xisto e granito. Estamos num território onde se misturam ancestrais olivais, com montados de sobreiros e azinheiras, eucaliptais e vinhedos.
Se, no acesso a Belver, usamos as antigas e estreitas estradas, optamos, por curvas e rampas quase em contínuo.
Vindos de sul, pela estrada proveniente do Gavião, teremos várias oportunidades de usufruir de uma ampla visão sobre a localidade espraiada no topo de um cerro.
Ultrapassada a ponte sobre o Tejo, surge um exemplo das dificuldades antigas de vencer o terreno, em troço que, sobre si mesmo, múltiplas vezes, se enrola e desenrola, para galgar do nível do rio até ao cume. Só chegados ao topo, mergulhamos no casario que se avistou de longe, mas que durante a subida, se escondeu, como a propor-se ser segredo para desvendar devagarinho.
Estacionamos no Largo 5 de Outubro, que a Igreja Matriz, de evocação a Nossa Senhora da Visitação, subdivide em dois.
Na parede de um edifício fronteiro à igreja, placa toponímica, a identificar o Largo do Pelourinho, levanta-nos a suspeita sobre a função da base que, agora, envolvendo uma grande árvore, acolhe um grupo de velhos homens em uma amena cavaqueira.
Partimos à descoberta da aldeia por ruas e vielas sinuosas em plano inclinado. Deambulando descobrimos numerosos de pontos que funcionam como miradouros, a partir dos quais se obtém uma larga visão sobre quilómetros do vale do Tejo.
PATRIMÓNIO EDIFICADO
Castelo Hospitalário de Belver edificado, no século XIII, para defesa da “Linha do Tejo”, foi o primeiro castelo construído pelos Hospitalários, em Portugal. Integra-se na tipologia do castelo românico. A sua localização dá-lhe uma das mais privilegiadas situações castrenses da castelologia portuguesa. Está classificado com a categoria de Monumento Nacional, desde 1910.
Capela de São Brás, construída no século XVI, localiza-se no interior do castelo e está associada ao culto das Santas Relíquias de Belver. A admirar nela o magnífico retábulo-relicário quinhentista de influência italiana.
Centro Interpretativo do Castelo de Belver, aberto ao público em 2014, na Torre de Menagem do castelo, compreende uma exposição sobre: a Ordem dos Hospitalários; o castelo e o território nas suas vertentes militar e histórica; os recursos e a oferta cultural do concelho. A exposição tem uma componente multimédia e interativa que dá ao visitante a possibilidade de explorar a informação.
Museu do Sabão, inaugurado em 2013, na antiga Escola Primária, o edifício tem uma vista privilegiada para o castelo. O Museu do Sabão é uma homenagem, aos saboeiros belverenses do século passado, os últimos representantes de uma atividade que, durante quatro séculos, foi dominante em Belver. O museu apresenta a história do sabão, as caraterísticas da sua produção e os pioneiros dos atuais produtos de limpeza.
Núcleo Museológico das Mantas e Tapeçarias de Belver, inaugurado em 2016, no espaço da antiga Fábrica Natividade Nunes da Silva, preserva a memória daquela unidade de produção de tecelagem artesanal. A Fábrica Natividade Nunes da Silva, com quase seis décadas de laboração, teve a sua história fortemente marcada pelo empreendedorismo feminino através da figura da mestra.
Em exposição estão teares, matérias-primas e instrumentos de trabalho.
PATRIMÓNIO IMATERIAL
Culto das Santas Relíquias de Belver, em Agosto, todos os anos, as imagens da Igreja Matriz de Belver e a arca com as relíquias são transportadas, pelas ruas da vila, em procissão, dando continuidade a popular e antigo culto de fé.
PATRIMÓNIO NATURAL
Passadiço do Alamal acompanha a margem esquerda do rio Tejo. Podemos iniciar o seu percurso na Praia Fluvial do Alamal, ou junto à Ponte de Belver, tem uma extensão de cerca de 9 km que integra cinco pontes em madeira. É percurso fácil, aprazível e sombreado, num ambiente marcadamente ribeirinho e bucólico.
Se tem tempo, aproveite
Anta do Penedo Gordo
Caminho de acesso à Fonte Velha
Centro de Observação da Avi-Fauna
Estação de Comboios de Belver
Museu do Vinho e do Pão em Domingos da Vinha
Ermida da Nossa Senhora do Pilar