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Amieira do Tejo, 1759 (Nisa, Portalegre)




 


(…) Está esta vila situada em uma meia encosta, sendo circuitada de, montes e outeiros de pouca eminência, que tem o seu princípio pela parte do nascente, em a sumptuosa e nova Igreja do Calvário, e tem fim pela parte poente, em a ribeira chamada da Maia, que corre do Sul para Norte junto desta vila, aonde dentro do seu termo, entra no rio Tejo. Descobrem-se desta Vila as seguintes: a de Vila Flor, em distância de meio quarto de légua, a do Gavião, em distância de duas léguas, e muitos lugares povoados dos termos das vilas de Belver e de Envendos, e deve haver em distância de duas léguas e alguns lugares do termo de Vila Velha de Ródão, em distância de uma légua (…) 


A ermida (…) do glorioso São João Batista, que está dentro dos muros do castelo, de cujo paço era oratório e pertence o reparo dela ao alcaide-mor desta Vila, que de presente o é o Conde de Aveiro D. Duarte, e há poucos tempos a mandou reparar e é a dita imagem antiquíssima e de pedra, com maravilhosa escultura e há tradição foi colocada na dita ermida pelo Senhor D. Álvaro Gonçalves Pereira, grão-prior do Crato que fundou o dito castelo, e a mesma imagem, sempre a venerou e venera este povo com especial devoção. 

 

(...) Porém no rio Tejo que corre distância desta vila um quarto de légua há um grande porto em que existem continuadamente duas barcas que são desta vila e pertencem à Alcaidaria Mor dela nas quais por princípio antiquíssimo têm os moradores da mesma passagem livre e pelo espaçoso pego em que navegam é o melhor e mais seguro que há no dito rio da vila de Abrantes para cima sem que haja memória que nas ditas barcas houvesse infortúnio algum o que muito especialmente atribuem os moradores desta vila ao milagre que fez a Rainha Santa Isabel por ter no dito porto passado o seu Santo Corpo quando da vila de Estremoz foi a sepultar à cidade de Coimbra. (...)

 


Não é esta vila murada, sendo que em tempos de guerra foi entrincheirada. Porém há  nela um majestoso castelo, que consta de quatro torres e com os seus altos e grossos muros, que se comunicam de uma de umas para as outras, cercado de roda com a sua barbacã entulhada, dentro do qual está situada a ermida do glorioso São João Batista, e na dita barbacã haveria árvores de fruto, e em toda esta obra, só há de presente o defeito das quatro torres não terem já sobrados nem telhados, e a sala principal entre as duas primeiras torres está arruinada. Dentro do dito castelo se acha um grande pátio com uma cisterna por baixo do mesmo. Todo este castelo e palácio magnífico, hoje arruinado, foi mandado edificar pelo sereníssimo Senhor D. Álvaro, grão-prior, que foi deste priorado do Crato, ilustre tronco da sempre augusta e régia Casa de Bragança. (...)

 

(...)Não padeceu, esta vila, ruína alguma no terramoto do primeiro dia do mês de Novembro de 1755, sem embargo ser muito sensível na dita vila. 

 

Padre Luís Cardoso, Memórias Paroquiais (1759)



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